domingo, agosto 24, 2008

então, você

E então você é assim.
E você não sabe e não acredita.

Você busca ser a melhor, ou melhor;
fazer o melhor, ou, pelo menos, fazer o possível tentando o impossível.

Você se expõe, você conta, você muda.
Você se dedica, você confia e se entrega.
Você se revela, compartilha..vira do avesso.
Você até hesita, mas não se esconde.

Você sente.
E o que sente você exibe.
Você sente carinho, falta, tristeza,indiferença.
Você sente saudade, ciúme, agonia, raiva..e nós na garganta.

Você sente e mostra.
Você sente o amor, a paixão, a ansiedade, a carência.
Você tira do seu coração tudo que por ele passa e deixa na mão de outro.
Você erra.

Você se esforça achando que tá fazendo o seu melhor.
Você acha que os sentimentos sentidos ao extremo, por tamanho exagero de seus tamanhos, são facilmente perceptíveis (quando não totalmente explícitos diante tal obviedade) ao outro.
Mas você se engana. E acreditando que o óbvio pra você é óbvio pra todo mundo deixa de demonstrar..

Na verdade, demonstra.
Mas a demonstração de algo que parece não caber em você não é percebida por outro.

E o máximo se torna mínimo.
O óbvio, imperceptível.
O recolhimento, indiferença.
A tentativa, fracasso.

Se indiferença fosse crime minha sentença seria prisão perpétua perante a ficha que apresentaria ao juíz. Ficha, essa, antiga; na qual, após uma última oportunidade de aprendizado, a transformação ainda não existiria.

Você vive em julgamento. E no relatório pós condenação você é descrita e resumida em apenas uma palavra.

E então você deve ser assim.
E você não sabe e não acredita.
Fria.

cena do filme Once.

8 comentários:

Mirella disse...

obrigada pelo elogio!
vou dar uma fuçada no teu agora
hehehe
sinta-se em casa lá no blog pra concordar, xingar, e até, quem saber, refletir...
xeru e boa semana pra você tbm!
^^

Anônimo disse...

Então, você não sabe o que dizer de um texto como esse rs... Eu preciso muito assistir ao filme Once, a trilha sonora é encantadora. Beijos!

L. disse...

O filme once é lindo. Não sei se foi eu quem recomendei, rs, mas enfim. Que texto bonito, Camila. Posso pedir teu autografo? :~ Porque tem certos trechos que eu gostaria de colocar na minha vida e nunca mais tirar, e isso é no mínimo, lindo.

Eu não sei se tu já leu um conto do Caio que me lembrou tudo que você disse aí (e eu como sempre, super me identificando). Ele diz assim:

"Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondido e, de repente, salta para
fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e
com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem
magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos,
apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão
nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a
solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente.
E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e
se sucedem e deixam sempre sede no fim."

Tata disse...

Oi, achei seu blog lá na Prazeres Amelie, muito bom seu blog!
Lindo texto!!
Amei!
Te espero lá no meu!
bjin

Clau disse...

o que dizer... o que pensar... tudo parece dito e escrito em palavras ... e tão bem assim ditas que me silencio por hj...rs

Clau disse...

lendo outra vez... e outra..e outra...
e volto na conclusão inicial...
que você escreve bem, e que esse texto é muito bom...
e o melhor é poder ler e mais uma vez, reconhecer as palavras, o contexto...
e se encantar com a escrita q se desenvolve e envolve ...

de verdade
mais que bom... mais de uma vez...rs

Clau disse...

sempre bem vinda....rs
e aguardando novos textos seus...pois já me habituei a ler...e a gostar...rs

bjos

skiter disse...

Camy!



nossa, me fez pensar!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
quero ver o filme agora!